Canção de proteção
contra terremotos (xilogravura, outubro de 1855). Acredita-se que a figura
segurando o Namazu (peixe) seja Takemikazuchi
DESENVOLVIMENTO NO
PERÍODO NARA E HEIAN (SÉCULOS VIII A XII) Durante os períodos Nara (710 – 794) e Heian (794 – 1185), o
Sumô começou a ganhar mais popularidade entre a corte imperial. Ele foi formalizado como entretenimento para a nobreza e
para as famílias imperiais. Durante festivais ou eventos importantes,
competições de Sumô eram organizadas. Essas lutas ainda tinham elementos
cerimoniais, porém o aspecto competitivo começava a emergir. Nessa época, também surgiram registros formais de lutas e
regras que moldariam o Sumô como um esporte. As técnicas usadas nas lutas eram simples (abandonando o
aspecto brutal usado anteriormente), baseadas em empurrões, pegadas e quedas,
mas sem as regras complexas que vemos atualmente.
Mesmo assim, às vezes, as lutas eram violentas, como a que
foi vista pelo Imperador Suinin em 23 a.C., na qual Nomi No Sukune matou Tayma
No Kuehara.  | Yoshitoshi (1839 – 1892) Xilogravura japonesa – Nomi no Sukune lutando com Taima no Kehaya |
INFLUÊNCIA MILITAR
E EVOLUÇÃO NO PERÍODO KAMAKURA E EDO (SÉCULOS XII A XIX) Com o advento do período feudal, o Sumô se tornou uma forma
de treinamento para os samurais. Durante o período Kamakura (1185 – 1333),
quando o Japão estava sob o domínio militar dos xoguns (ditadura militar
japonesa), o Sumô foi usado para preparar os guerreiros para o combate corpo a
corpo nos campos de batalha. Nesse contexto, ele se aproximou das artes marciais, com
técnicas de projeção e imobilização, que seriam incorporadas na formatação do
Kumiuchi, do Jiu-Jítsu e de outras artes marciais. O Kumiuchi (luta agarrada) começou a ser formatado no
período Kamakura (1185 – 1333), durante as guerras frequentes entre os clãs
samurais, enquanto o Sumô seguiu sua própria evolução. Nesse período, as batalhas eram muitas vezes travadas com
armaduras pesadas – espadas, lanças e outras armas –, mas, quando a luta se
aproximava, as armas de longo alcance se tornavam inúteis, e os guerreiros
precisavam recorrer ao combate corpo a corpo. Por causa das armaduras que os samurais usavam, os golpes
diretos com punhos ou pés eram menos eficazes, daí a necessidade da luta
agarrada (Kumiuchi), que se concentrava em técnicas de arremesso, controle de
membros e imobilizações que poderiam neutralizar o oponente ou criar uma
oportunidade para usar uma adaga curta para um golpe final. Após a batalha de Sekigahara (1.600 d.C.), o Japão foi
unificado sob o xogunato de Tokugawa Ieyasu, dando origem ao período Edo (1603
– 1868), um intervalo de alguns séculos de relativa paz. Como durante esse período praticamente as batalhas entre os
clãs acabaram, não fazia mais sentido treinar o Kumiuchi (com armaduras) e, por
isso, essa técnica ou arte (Jítsu), passou a ser mais flexível, adaptável ou
suave (Jiu), e o treinamento começou a ser feito com as roupas normais da
época, visando à defesa pessoal.
Nasciam assim, os estilos (ryu), que ficariam conhecidos
como Jiu-Jítsu.
 | Taiso Yoshitoshi (1839 – 1892) Lutas famosas entre homens valentes (Eimei kumiuchi zoroi): Tomoe Gozen, 1865. Oban |
Referência de artigo
CARLOS LIBERI – Mestre de Jiu-Jítsu, faixa-coral
(sétimo grau); membro do Conselho Diretor da Gracie Barra Flórida,
instrutor-chefe da GB Sanford e da GB Campinas. Especialista em história e
filosofia das artes marciais pelas Faculdades Integradas de Santo André
(FEFISA).
|